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quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

PREFEITURAS EM CRISE APÓS CORTE DE VERBA FEDERAL

Segundo a Aprece, mais da metade das prefeituras do Ceará teve que optar entre pagar ou o 13º salário ou a folha de servidores de dezembro passado. Eles atribuem crise a "calote" de verba prometida por Temer.

Começando o ano “no vermelho”, mais da metade dos municípios do Ceará teve que optar entre pagar o 13º salário ou a folha dos servidores em dezembro passado. A informação é de relatório da Associação de Prefeituras do Ceará (Aprece), que aponta “calote” de repasse de R$ 2 bilhões prometido pelo governo Michel Temer como motivo da crise.

“Esse auxílio foi prometido para o final de 2017, mas acabou não vindo. Por conta disso, muita gente que estava contando com isso acabou sem ter como pagar 13º e folha”, afirma o presidente da Aprece e prefeito de São Benedito, Gadyel Gonçalves (PCdoB). Ontem, prefeitos do Estado se reuniram em Fortaleza para articular cobrança da verba junto ao Planalto.

Segundo Gadyel, a suspensão foi na chamada verba de Auxílio Financeiro dos Municípios (AFM) para 2017. Segundo ele, apesar de duas promessas feitas pelo próprio Temer em reuniões com entidades de municípios, o recurso não foi repassado por “falta de orçamento”. “O pior é que a maioria são cidades pequenas, onde a necessidade acaba sendo maior”, protesta.

Gadyel acrescenta que, diante de críticas, Temer ainda editou Medida Provisória garantindo liberação do AFM em 2018. “Ele diz que vai ser neste ano, mas não diz em que mês, nem data, nem como. Então fica um transtorno só.”

Como alternativa, gestores planejam “caravana” a Brasília para pedir reunião de emergência com o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), para articular liberação imediata do auxílio para prefeituras.

Nos bastidores, alguns prefeitos se queixavam de que o governo federal estaria condicionando a liberação da verba a apoio de líderes políticos à reforma da Previdência, atualmente em tramitação no Congresso. 2018 no vermelho.

Na reunião de ontem, diversos prefeitos se diziam indignados com a suspensão da verba. Por conta do corte, eles apontavam situação generalizada de prefeituras abrindo 2018 já com dívidas com fornecedores e na folha de servidores.

“Havia um acerto, uma garantia. Então claro que todo mundo sentiu”, reclama o ex-prefeito de Granja e atual procurador-geral do Município, Romeu Aldigueri (PR), que diz ter honrado pagamentos de servidores. Ele destaca, no entanto, que a gestão precisou promover uma série de contingenciamentos para manter as contas em dia.

Segundo dados do consultor econômico da Aprece, André Carvalho, o corte vem em má hora, com municípios já vivendo crescente de queda de repasses. Somente em 2017, houve corte de R$ 403 milhões em repasses do Fundeb e mais R$ 155 milhões do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) no Ceará. O recurso que viria, diz ele, não cobriria nem 20% das quedas dos últimos anos. 
Com informações do O POVO ONLINE