A História da
Campanha Nacional de Escolas da Comunidade(CNEC) no Município de Aratuba – Desafios
e Conquistas Educacionais desde sua Origem até seu Fechamento.
Na gestão do prefeito José Ivan Santos(1977-1981) com prorrogação
nacional de dois anos, a CNEC passou a oferecer o 2º Grau Pedagógico(Ensino
Médio) aos filhos de Aratuba. Em seu mandato Ivan Santos apoiou a CNEC
contribuindo mensalmente com Cr$ 80.000,00(oitenta mil cruzeiros) para material
didático e ajuda aos alunos carentes. Na época a CNEC já tinha mais alunos que
a rede estadual, pois enquanto esta tinha 206 alunos a CNEC contava com 264
sendo 37 alunos do antigo 2º Grau com 04 professores e 02 salas de aulas. Outro
prefeito que assumiu a folha de pagamento da CNEC foi João Leite Filho, irmão
de padre Moacir na sua gestão de 1988-1991. Porém a CNEC durante toda sua
trajetória escolar passou por inúmeras dificuldades, em parte pela própria
natureza da definição de uma escola nem pública e nem privada ao ponto de
alguns a chamarem de escola particular. A CNEC era na verdade uma entidade
filantrópica sem fins lucrativos que cobrava uma taxa simbólica e nem todos da
população entendiam o pagamento e nem queriam colaborar.
E assim falhava tanto o
poder público municipal, os sócios da entidade que não contribuíam regularmente
e a própria comunidade. No meio de tudo isso as influências
político-partidárias tão marcantes e conflitantes no município. Ainda assim alguns
comerciantes às vezes vendiam alimentação fiado para receberem o pagamento
posteriormente da CNEC. Era um grande esforço para não faltar merenda escolar. Até
mesmo “dramas” eram apresentados no Mercado e à quantia cobrada na portaria
objetivava ajudar o Ginásio. Houve períodos tão difíceis que professores e
funcionários ficarem seis meses sem receberem o salário. Os professores cenecistas Francisco Antônio
Martins de Araújo(Chiquinho) e Francisco de Paulo Barrozo Gomes(Professor
Francisco) lembram que um grande colaborador financeiro da CNEC foi o Sr. Coacy
Pereira. Francisco Barrozo quando era vice-diretor da CNEC juntamente com um
aluno fardado conversou com Dr. Coacy sobre os seis meses de atraso dos
funcionários e professores do Ginásio Monsenhor Barbosa. Coacy solicitou a
conta da escola para ver o que poderia fazer. Dias depois professor Francisco
Barrozo ao dirigir-se até o Banco do Brasil em Mulungú viu o repasse que Coacy
havia feito para a CNEC e com a quantia foram quitados quatro meses de atraso. Dr.
Coacy nunca telefonou para saber como o dinheiro havia sido aplicado e nunca
fez qualquer fiscalização de suas ajudas voluntárias. “A figura daquele homem nunca mais sairá da minha lembrança, pois tive
a oportunidade de conhecê-lo em poucos minutos que se tornaram perenes. A CNEC
não teve tempo de homenageá-lo, pois a morte o levou momentos depois. Os homens
são lembrados pelos seus feitos, principalmente aqueles que ajudam os que
precisam,” expressou o professor Francisco Barrozo. A CNEC em Aratuba teve
muitas matrículas ao longo de sua história. A pequena turma de alunos da 5ª
série em 1968 foi crescendo até a escola funcionar nos três turnos: manhã de
7:00 às 11:00 h; a tarde de 13:00 às 17:00 h; e noite, de 18:00 às 22:00 hs de
segunda a sexta-feira com Educação Infantil, pois os alunos da LBA foram
transferido para CNEC e 1º e 2º Graus(Ensino Fundamental e Médio). As
dificuldades na área pedagógica também eram imensas para a CNEC, principalmente
quando passou a oferecer o Ensino Médio. Em sua história a CNEC recebeu
professores de Fortaleza, Itapajé, Quixadá, Itapipoca e outros municípios. E
funcionários da prefeitura como agrônomos, engenheiros e dentistas ministraram
aulas à noite aos alunos do 2º Grau. No ano da fundação a CNEC teve 25 alunos;
em 1970, 178 alunos; em 1971, 205 alunos; em 1984, 307 alunos; em 1997 1.110
alunos e já perto de fechar no ano de 2000 havia 1.027 alunos.
Porém as turmas
numerosas no início do ano não significava permanência durante todo o ano
letivo. Em 1989, por exemplo, a turma do
curso de pedagogia iniciou com 40 alunos e somente 05 chegaram ao final. E os
concludentes Antônio César, Francisco Antônio Araújo(Chiquinho), Valfredo
Sampaio, Raimunda Cardoso(Neide) e Márcio Monteiro se submeteram a dois dias
intenso de avaliação no Colégio Paulo Sarasate, de Canindé conveniado com a
CNEC em Aratuba. Esses alunos tiveram muita dificuldade com problemas de
estrada, transporte e estadia. Os familiares dos Bernardinos os acolheram em
Canindé e a diretora Irismar e padre Moacir fizeram tudo para que o Conselho
Estadual da CNEC aceitasse a existência de uma turma tão pequena. Eles
conseguiram e quatro deles tornaram-se grandes professores do município,
ocupando postos importantes na educação, e o quinto tornou-se um agente
administrativo concursado.
CNEC de Aratuba – “Fica em Silêncio um Minuto Só” - PARTE I
CNEC de Aratuba – “Fica em Silêncio um Minuto Só” - PARTE II
CNEC de Aratuba – “Fica em Silêncio um Minuto Só” - PARTE IV
CNEC de Aratuba – “Fica em Silêncio um Minuto Só” - PARTE V