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segunda-feira, 12 de março de 2012

CNEC de Aratuba – “Fica em Silêncio um Minuto Só” - PARTE III


A História da Campanha Nacional de Escolas da Comunidade(CNEC) no Município de Aratuba – Desafios e Conquistas Educacionais desde sua Origem até seu Fechamento.  

Na gestão do prefeito José Ivan Santos(1977-1981) com prorrogação nacional de dois anos, a CNEC passou a oferecer o 2º Grau Pedagógico(Ensino Médio) aos filhos de Aratuba. Em seu mandato Ivan Santos apoiou a CNEC contribuindo mensalmente com Cr$ 80.000,00(oitenta mil cruzeiros) para material didático e ajuda aos alunos carentes. Na época a CNEC já tinha mais alunos que a rede estadual, pois enquanto esta tinha 206 alunos a CNEC contava com 264 sendo 37 alunos do antigo 2º Grau com 04 professores e 02 salas de aulas. Outro prefeito que assumiu a folha de pagamento da CNEC foi João Leite Filho, irmão de padre Moacir na sua gestão de 1988-1991. Porém a CNEC durante toda sua trajetória escolar passou por inúmeras dificuldades, em parte pela própria natureza da definição de uma escola nem pública e nem privada ao ponto de alguns a chamarem de escola particular. A CNEC era na verdade uma entidade filantrópica sem fins lucrativos que cobrava uma taxa simbólica e nem todos da população entendiam o pagamento e nem queriam colaborar.
E assim falhava tanto o poder público municipal, os sócios da entidade que não contribuíam regularmente e a própria comunidade. No meio de tudo isso as influências político-partidárias tão marcantes e conflitantes no município. Ainda assim alguns comerciantes às vezes vendiam alimentação fiado para receberem o pagamento posteriormente da CNEC. Era um grande esforço para não faltar merenda escolar. Até mesmo “dramas” eram apresentados no Mercado e à quantia cobrada na portaria objetivava ajudar o Ginásio. Houve períodos tão difíceis que professores e funcionários ficarem seis meses sem receberem o salário.  Os professores cenecistas Francisco Antônio Martins de Araújo(Chiquinho) e Francisco de Paulo Barrozo Gomes(Professor Francisco) lembram que um grande colaborador financeiro da CNEC foi o Sr. Coacy Pereira. Francisco Barrozo quando era vice-diretor da CNEC juntamente com um aluno fardado conversou com Dr. Coacy sobre os seis meses de atraso dos funcionários e professores do Ginásio Monsenhor Barbosa. Coacy solicitou a conta da escola para ver o que poderia fazer. Dias depois professor Francisco Barrozo ao dirigir-se até o Banco do Brasil em Mulungú viu o repasse que Coacy havia feito para a CNEC e com a quantia foram quitados quatro meses de atraso. Dr. Coacy nunca telefonou para saber como o dinheiro havia sido aplicado e nunca fez qualquer fiscalização de suas ajudas voluntárias. “A figura daquele homem nunca mais sairá da minha lembrança, pois tive a oportunidade de conhecê-lo em poucos minutos que se tornaram perenes. A CNEC não teve tempo de homenageá-lo, pois a morte o levou momentos depois. Os homens são lembrados pelos seus feitos, principalmente aqueles que ajudam os que precisam,” expressou o professor Francisco Barrozo. A CNEC em Aratuba teve muitas matrículas ao longo de sua história. A pequena turma de alunos da 5ª série em 1968 foi crescendo até a escola funcionar nos três turnos: manhã de 7:00 às 11:00 h; a tarde de 13:00 às 17:00 h; e noite, de 18:00 às 22:00 hs de segunda a sexta-feira com Educação Infantil, pois os alunos da LBA foram transferido para CNEC e 1º e 2º Graus(Ensino Fundamental e Médio). As dificuldades na área pedagógica também eram imensas para a CNEC, principalmente quando passou a oferecer o Ensino Médio. Em sua história a CNEC recebeu professores de Fortaleza, Itapajé, Quixadá, Itapipoca e outros municípios. E funcionários da prefeitura como agrônomos, engenheiros e dentistas ministraram aulas à noite aos alunos do 2º Grau. No ano da fundação a CNEC teve 25 alunos; em 1970, 178 alunos; em 1971, 205 alunos; em 1984, 307 alunos; em 1997 1.110 alunos e já perto de fechar no ano de 2000 havia 1.027 alunos. 
Porém as turmas numerosas no início do ano não significava permanência durante todo o ano letivo. Em 1989, por exemplo, a turma  do curso de pedagogia iniciou com 40 alunos e somente 05 chegaram ao final. E os concludentes Antônio César, Francisco Antônio Araújo(Chiquinho), Valfredo Sampaio, Raimunda Cardoso(Neide) e Márcio Monteiro se submeteram a dois dias intenso de avaliação no Colégio Paulo Sarasate, de Canindé conveniado com a CNEC em Aratuba. Esses alunos tiveram muita dificuldade com problemas de estrada, transporte e estadia. Os familiares dos Bernardinos os acolheram em Canindé e a diretora Irismar e padre Moacir fizeram tudo para que o Conselho Estadual da CNEC aceitasse a existência de uma turma tão pequena. Eles conseguiram e quatro deles tornaram-se grandes professores do município, ocupando postos importantes na educação, e o quinto tornou-se um agente administrativo concursado. 
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