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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Raio X: LEOPOLDO, A VIDA E LEGADO DE LEITURA DE UM CENTENÁRIO CIDADÃO ARATUBENSE. - Parte II

Continuação
Parentes próximos de Leopoldo
Leopoldo era também um amante da natureza, outra influência de seu pai que tinha uma quinta no quintal de seu comércio. Era um verdadeiro pomar que só os mais íntimos tinham acesso. Apesar do Histórico de Aratuba citar apenas o nome do padre José Barbosa de Magalhães no plantio das palmeiras imperiais em frente à Igreja Matriz, no ano de 1908, segundo Manoel Araújo Martins(Seu Manel do Bar), as palmeiras plantadas pelo padre contou com a ajuda de Leopoldo Pereira Martins e Paulo Pereira Martins, com os cuidados constantes de Seu Leopoldo. Leopoldo que nasceu em 14 de agosto de 1880, completou seu centenário em 14 de agosto de 1980 quando uma missa foi celebrada por vários padres e pela foto da época percebe-se o povo de Aratuba presente nesse momento histórico. E apesar de uma cadeira para ele, Leopoldo tirou a foto em pé o que mostra seu vigor em pleno 100 anos de idade. Uma frase sua era que “Morrer aos 100 anos é morre jovem quando você não perde a fé em Deus e nem fica doído.” Mas no ano seguinte, em maio de 1981 ele veio a falecer. Leopoldo foi enterrado no mesmo cemitério que administrou por tantos anos, pois os entes dos falecidos o procuravam para demarcar o terreno no cemitério local, enquanto o corpo do morto era velado na sua velha casa de taipa. E não somente isso sua casa, a chamada Casa de Todos, onde as pessoas freqüentavam para tomar água, café, lavar os pés e tomar banho, principalmente nos festejos religiosos. Isso era tão comum que segundo seu neto José Ilo para que o pessoal não bebesse a água com o mesmo copo tirado direto do pote, Leopoldo criou uma espécie de copo cheio de dentes, obrigando assim a pessoa a colocar a água em outro copo para depois bebê-la. Tanto nos batizados como nos casamentos, os pais dos batizando e os noivos se dirigiam a casa de Leopoldo para arrumar-se antes da cerimônia.
Hoje quando se fala em Leopoldo em Aratuba, a primeira imagem que vem a mente é o nome da rua que leva o seu nome, atualmente com 133 famílias; e depois que é o pai de Francisca MAFISA Pereira Martins, uma mulher que dedicou toda a vida a Igreja Matriz sem nenhuma recompensa e que faleceu triste por decisões prejudiciais da Paróquia São Francisco de Paula. Mas a história de Leopoldo Pereira Martins como vimos vai muito além. Seu legado, inclui marcenaria, carpintaria, música e principalmente sua paixão pelas curiosidades e fatos históricos. Tornou-se um grande leitor de livros e revistas. Seu caderno de anotações registrava vários acontecimentos da história aratubense. Esse caderno segundo Raimunda Martins de Araújo(dona Fátima) “era um livro muito alto, com inúmeras folhas, e tudo desde o começo da vida dele estava tudo anotado”. A professora Izilda Barbosa que escreveu o pequeno histórico de Aratuba, datilografado em 1982, entrevistou pessoalmente seu Leopoldo e ainda recebeu de presente o seu caderno. 
Amigos de Leopoldo 
Izilda agradeceu, mas julgou que era melhor que o caderno ficasse aos cuidados dos familiares. O caderno que hoje seria uma fonte de pesquisa historiográfica perdeu-se. Na verdade a decisão da Paróquia em reformar a casa de Mafisa e depois demolindo-a para construir uma nova trouxe um duplo prejuízo para a família de Seu Leopoldo e a história do município: Primeiro porque sua casa de taipa(pau-a-pique) de uma construção perfeita e invejável, seria hoje um patrimônio cultural; e segundo porque o deslocamento dos pertences da família para o antigo ADA – Associação dos Desportista de Aratuba, acabou por extraviar muitos objetos, inclusive o seu caderno de anotações. A riqueza desse caderno, por exemplo, é demonstrado na história do primeiro carro em Aratuba que causou espanto aos moradores relatado por Izilda. Tal história ela ouviu do próprio Leopoldo.