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segunda-feira, 30 de julho de 2012

RAIO X: Zoza Correia - Parte II

A vida e legado de um mestre aratubense. 
Além da agricultura a apanha do café era um meio de sobrevivência familiar. Acordavam cedo e tomavam seu café adoçado com a garapa da cana-de-açúcar antes do trabalho. E por algum tempo Zoza ajudou seus pais no plantio de bananeira e da cana, porém com a crise americana de 1929 a renda advinda do café diminuiu drasticamente e com ele as receitas da família. Afinal, “A Grande Depressão” como ficou conhecida na história à quebra da Bolsa de Valores de Nova York, abalou o mundo e no Brasil deixou sequelas financeiras enormes com a diminuição do preço do café e a consequente queima de estoques do produto para equilibrar o preço. A região onde Zoza morava era próspera em café. Primeiro os cafezais dos Dantas de quem seu pai era feitor e em segundo as proximidades da propriedade da família de Adauto Aquino Pereira, cuja esposa Maria Nazaré Aquino, era irmã de Maria Pereira Barbosa(D. Doca), descendentes diretas dos colonizadores e grandes proprietários de café no município. Para se ter uma ideia,  Alaide Correia, irmã de Zoza, lembra que na apanha do café de um dia nos cafezais dos Dantas, seis mulheres, por exemplo, juntavam de 3 a 4 alqueires, o equivalente de 380 a 500 litros de café aproximadamente. 
Nesse contexto e aliado ao café, a terra e a política eram instrumentos de dominação e exploração pelo cruel coronelismo cearense e a família de Zoza experimentou isso na pele. Prova disso é que tempos depois os Correias foram praticamente expulsos das terras dos Dantas. Mestre Zoza viveu no sitio Coco toda a sua infância e adolescência. Em 1945, aos 22 anos casou-se com Maria Alves dos Santos (Dona Nenzinha) e com ela teve 18 filhos. Por lá viveu até 1958 ano da primeira eleição municipal para a escolha do primeiro prefeito no recém-emancipado município de Aratuba. Zoza era um dos 1.440 eleitores da época. A eleição em que José Clóvis Lima saiu vitorioso aconteceu em 03 de outubro de 1958 e talvez Zoza tenha votado em Raimundo Pereira Batista de quem era amigo. Em meio a isso Zoza terminou a construção de sua casa localizada à Rua Cel. João José Pereira e transferiu-se da zona rural para a sede do município em busca de melhores condições de vida. A situação socioeconômica e as dificuldades escolares da época impediram Zoza de frequentar a escola. Zoza lia pouco, mal sabia assinar o nome, mas sua matemática no trabalho de carpintaria, por exemplo, era fantástica e precisa. Suas construções de caixa d´água, chafariz e medições de terrenos eram impecáveis. Para quem não sabe o chafariz do Lameirão, distrito de Mulungu, é obra de Mestre Zoza. Francisco dos Santos Correia(Kim), um dos filhos que acompanhou Zoza em alguns trabalhos relatou que: “Quando era pequeno ia com ele a vários lugares pra consertar motores de engenho, forrageiras, geradores de energia, bombas d’água. Enquanto ele trabalhava, eu e meu irmão (Alan) brincávamos nos rios, açudes, tanques e quintais que existiam nas propriedades onde ele nos levava, como por exemplo, no sítio Buracão no engenho do seu Dedé, no Carneiro uma fazenda do Sr. Raimundo Batista do qual era muito amigo, no engenho do Sr. Adauto no sítio Coquinho e outros mais”
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