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sexta-feira, 2 de março de 2012

RAIO X: AS PALMEIRAS IMPERIAIS DE ARATUBA SÃO CENTENÁRIAS? - PARTE III


É intrigante o mesmo documento citar o plantador das palmeiras sem uma data precisa já que o próprio José Barbosa Magalhães estava presente ao congresso da Paróquia São Francisco de Paula em 1945. E mais, pelo poema o padre plantou as palmeiras no último ano de seu paroquiado, o que parece improvável. Assim ao sair o padre deixou pequenas mudas plantadas e ao visitar Aratuba em 1945 para o congresso elas já eram “colossais palmeiras” como dizia o terceiro verso do primeiro estrofe do citado poema. Afinal, elas foram plantadas no ano de 1908 ou em 1916? E quantos anos realmente têm as palmeiras de Aratuba? Partindo do testemunho documental, no caso o poema de 1946 as palmeiras terão hoje 96 anos. A questão é que o paroquiado de Pe José Barbosa Magalhães se estende de abril de 1908 a novembro ou dezembro de 1916² e assim a pergunta se as palmeiras imperiais de Aratuba são centenárias depende se elas foram plantadas no início ou no final de seu paroquiado, ou seja, nos anos de 1908 e 1916 respectivamente. E isso dependerá também de qual testemunho histórico escrito seja considerado, se o documento mais antigo(o poema no Álbum do Congresso) que coloca uma data mais recente na plantação das palmeiras(1916) ou o documento mais recente(Estudo da professora Regina Magna) que coloca uma data mais antiga(1908). Digo recente, mas a professora Magna realizou estudos nos tomos da própria Paróquia. Elas só serão centenárias se a data de 1908 estiver correta, caso não somente daqui a 06 anos completarão 100 anos. E isso, é claro, as palmeiras grandes porque a menor foi “plantada” por Maria Eliene Silva Cavalcante(esposa do Peixoto) e Raimundo Martins Monteiro(Pituca) na década de 80.
Há quem alegue que as palmeiras de Aratuba são mais antigas ainda, pois ouviram contar que Leopoldo Pereira as plantou há muito tempo. Como prova cita-se o tamanho das palmeiras nas fotos do Congresso de 1945. Nelas as palmeiras já são enormes, mas nesse caso teriam apenas 30 ou 38 anos, dependendo de sua plantação em 1908 ou 1916. Para se ter uma idéia de tal argumento a Palmer Mater, ou palmeira mãe porque dela descende todas as palmeiras imperiais no Brasil, passou 163 anos para chegar aos 38,70m entre 1808, ano de sua plantação e 1972 quando um raio a destruiu. Porém tal comparação não é argumento definitivo visto que as diferentes condições de clima e solo influenciam no crescimento dos vegetais. Além do mais a palmeira atinge em média 30 metros, com 62 cm de diâmetro, podendo alcançar até os 50 m. No caso de Leopoldo Martins, os testemunhos dizem que ele ajudou ao pároco no cuidado com as palmeiras. Em 1908 Leopoldo tinha 28 anos e em 1916 estava com 36. Manoel Pereira Martins(Seu Manoel do Bar), 83 anos diz que tanto Leopoldo Pereira como seu tio Paulo Pereira Martins ajudaram o padre Zezinho no plantio. 
Particularmente acredito que o escrito da professora Regina Magna, o testemunho vivo de Dona Albertina Lima justificam a plantação no ano de 1908 e assim as palmeiras são centenárias. A razão é porque é mais provável acreditar que o padre José Barbosa Magalhães(Zezinho) tenha plantado no início do seu paroquiado(1908) do que no último ano que aconteceu em 1916. Mesmo que o poema de 1947 diga “Viveis há já trinta anos”, o autor não é preciso na data, pois ele completa o verso com “diz a fama”. Parece que é um arredondamento, pois de fato as palmeiras tinham na época 37 e hoje elas tem 104 anos e passam muito bem obrigado, apesar de precisarem dos nossos cuidados contra as pragas que constantemente atacam as palmeiras.

¹No Álbum do Congresso(1945) seu nome aparece tanto como Pe. José Barbosa Magalhães no Resumo Histórico de Ary Cunha e  Pe. José Barbosa de Magalhães na homenagem do acróstico no mesmo documento. O livro do padre Neri(2011) também registra José Barbosa de Magalhães. Usei José Barbosa Magalhães porque os documentos Histórico de Aratuba (1982); Histórico da Escola Joacy(1984); Histórico da Secretaria de Educação (1995); Pesquisa do “Corujão”(2000); Lista do Pe. Claúdio Pereira(2009); aparece somente José Barbosa Magalhães.
2Sobre o fim do paroquiado de Pe. José Barbosa Magalhães existe uma pequena discrepância histórica se aconteceu em novembro ou dezembro de 1916. O Histórico do Joacy(1984); e o Livro do Padre Neri(2011) citam dezembro de 1916; já a lista de padre Claúdio Pereira(2009) menciona o mês de novembro. Mas todos os documentos disponíveis afirmam que seu paroquiado começou em abril 1908.

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Referência Bibliográfica
<> http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?php=S0009-67252010000100011&script=sci_arttext. Acesso em 02/03/12
ARATUBA, Paróquia de. Álbum do 1º. Congresso Eucarístico de Aratuba, 1945.
BARBOSA, Izilda. Histórico de Aratuba. Trabalho datilografado, 1982
Exposição Histórico Cultural da Escola Maria Júlia em 25 e 26 de março de 2010.
REGINA, Magna. A Religiosidade de Aratuba. Trabalho de pesquisa, 2005.