Páginas

segunda-feira, 30 de julho de 2012

RAIO X: Zoza Correia - Parte III

A vida e legado de um mestre aratubense. 
E não foi somente no conserto de motores de engenhos ou construção de casas de farinha que Mestre Zoza notabilizou-se.  Zoza recebeu o epíteto de Mestre devido suas façanhas nas áreas da mecânica (conserto de carros e motores);marceneiro (construção de violinos e rabecas); carpinteiro(montagem de linhas e vigas de casas e engenhos); arte(bonecos, presepadas e anedotas);música (tocava violino, rabeca e sanfona); e arquitetura ( participou na construção da Igreja São Francisco de Paula, dos prédios dos Correios e da Secretaria de Educação e do antigo calçamento da Praça Adolfo Lima). Dentre as engenharias zozianas, uma deixa-nos boquiabertos. Quem olha para a Igreja Matriz e ver o telhado das torres ou pelo menos no formato de telhas numa forma vertical e piramidal pergunta por que elas não caem. Uma genialidade dos famosos mestres Aristides e Zoza. Imagine enormes telhas de tijolos com cimento queimado de 60 cm cada uma feitas ali mesmo a uma altura de mais de 30 metros. É um feito espetacular. E a influência de Zoza no município ia além das construções e consertos. Ele tocava o coração das pessoas na música e nas palhaçadas. Animava as pessoas com os bonecos em empanadas como a chamada velhinha ou ainda o Casemiro Coco, um personagem galanteador e valente que vencia os monstros para conquistar o amor da princesa. E entre as presepadas do Zoza muitos lembram de seu dedo polegar deslocando-se como se fosse arrancado da mão, intrigando os observadores. O ADA – Associação Desportista de Aratuba foi palco de suas apresentações cômicas arrastando risadas e aplausos das pessoas. Tanto sua residência quanto a de seus filhos funcionava como um centro cultural que animava os finais de semana, ajuntando os casais de jovens para ouvir, dançar e namorar nas tertúlias das noites de quartas-feiras, aos sábados e aos domingos das 08:00 às 11:00 h da noite na década de 70, sob o sonzinho dos irmãos Antônio e Assis Correia.  
Mas Zoza com todo seu humorismo e alegria atravessou momentos difíceis em sua vida familiar e sentimental. Nove anos após sair da zona rural para residir na cidade, em outubro de 1967, sua amada esposa faleceu durante o parto daquele que seria o 18º filho do casal. Não se sabe ao certo a razão, mas a prática dos partos em casa e sem nenhum recurso médico em casos complicados, tornava-se um momento ariscado para a mãe e o bebê. A criança nasceu morta e a mãe faleceu horas depois. Zoza e sua esposa tiveram uma prole grande e destes somente dois até então haviam morrido. A pílula anticoncepcional já existia, mas além das dificuldades de acesso a informação e ao produto, o casal como tantos da época era contra o uso, pois sendo religiosos acreditavam que o ser humano não devia impedir quantos filhos Deus permitisse. O triste acontecimento abalou Mestre Zoza e a pequena cidade de Aratuba e tornou-se um fardo pesado para um homem com mais de quarenta anos de idade. Sua profunda tristeza fê-lo pensar em dar os filhos aos amigos mais próximos, pois segundo pensava, ele não teria condições de criá-los sozinho. Porém tempos depois as irmãs de sua falecida esposa vieram para cuidar das crianças e entre elas a senhorita Maria Luiza Alves dos Santos, com quem tempos depois Mestre Zoza contraiu núpcias e teve mais 6 filhos, sendo eles: Sérgio Correia dos Santos, Cezarina dos Santos Correia, Joelma dos Santos Correia, Jerly dos Santos Correia, Alan dos Santos Correia e Francisco dos Santos Correia(Kim). Ela casou com Mestre Zoza aos 22 anos com a difícil tarefa de substituir a própria irmã. Dona Luiza ou Tia Luiza como é chamada é uma mulher introvertida, calma e que tem criado a família com muita luta, esforço e dedicação. Uma jovem que saiu do sertão da Lagoa do Inácio, com o desafio de criar os filhos de sua irmã falecida e acabou tornando-se mãe de todos eles, a maioria crianças novas e conseguiu aos poucos estabelecer autoridade e ser reconhecida por todos da família, tornando-se a senhora Maria Luiza dos Santos Correia. Em Aratuba ela tornou-se um exemplo de esposa fiel e dedicada e mãe batalhadora e vitoriosa. Hoje como viúva vive na mesma casa de sempre cercada de filhos, netos e amigos. 
_____________________
PUBLICIDADE