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quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

COLUNA RAIO X - O professor Pardal, a água que passarinho não bebe e o relativismo ético.


Na prova seletiva da Secretaria de Educação Básica realizada em 03/01/12 o enunciado da primeira questão do Ensino Fundamental II dizia o seguinte: “O professor Pardal costuma se divertir nos finais de semana fazendo uso de bebidas alcoólicas em excesso, mostrando agressividade, causando assim constrangimentos a família e aos vizinhos. Ao ser interpelado por um pai de aluno, ele falou que fora da escola, não tinha nenhuma satisfação a dar a sociedade sobre seu comportamento. Qual a sua opinião acerca da postura do Professor Pardal”?.  Desconheço as opiniões dos professores participantes do processo seletivo, afinal somente os membros da comissão tem acesso, mas os comentários posteriores deles mostra diferentes interpretações do assunto. É a velha máxima de que “cada ponto de vista é a vista de um ponto”, sem esquecer é claro que ao olhar-se um “ponto” existe sempre outros “pontos” ao redor. É o princípio da contextualização. Mas o grande “Ponto” do enunciado da questão é a visão dos valores e ética moral. O problema do professor Pardal não é que tenha de dar satisfação pelo simples fato de ser professor, mas pelo fato de ser um SER HUMANO criado a imagem e semelhança de Deus. É uma questão não de mera satisfação, mas de compreensão entre o certo e o errado. Sua resposta ao pai de que “não tinha nenhuma satisfação a dar a sociedade sobre seu comportamento”, mostra seu soberano reinado e deixa claro sua indiferença com o parecer de seu próximo. E tal atitude é contrária ao amor. 
A lei do amor pressupõe responsabilidade que por sua vez requer uma avaliação além da sua. A resposta do professor ao pai é inteiramente arrogante, contrária aos princípios da simples cidadania e respeito mútuo pregado e vivido por todo bom professor. Além disso, o enunciado diz que “Pardal” é agressivo e causa constrangimento a familiares e vizinhos, apesar de que seu maior constrangimento devia ser a si mesmo. Parece que a única forma de seu comportamento estar sob julgamento é dentro da escola. Pardal vive a “ética das quatro paredes.” É o típico professor que ministra aulas de valores e princípios éticos, mas tais valores perdem o valor na saída do portão da escola. Minha preocupação não é que existam professores “Pardais” em Aratuba, afinal de contas, tal atitude é mundial e em todas as categorias profissionais.
A grande preocupação é que eu e você sejamos “Pardais” e nosso maior problema não é a parda(cachaça) em si, mas vivermos uma vida pardacenta, onde misturamos o preto e o branco nos valores éticos conforme o cinza de nossas preferências e conveniências. Não me entenda mal, sou total e inteiramente contra as bebidas, mesmo as consideradas socialite, porém a resposta do professor Pardal que também reflete a nossa em situações semelhantes, mostra que o álcool é apenas um gatilho de tantas balas escondidas no perverso e terrível coração humano. Mesmo quando não agimos similar a “Pardal”, nosso coração continua dizendo que não temos satisfação a dar a ninguém, nem ao próximo mesmo que ele seja ferido ou envergonhado e nem a Deus, mesmo que ele seja desonrado. Aliás, se não damos satisfação a quem vemos – o nosso irmão, quanto mais a quem não vemos – Deus, nosso criador. E assim nosso comportamento é individualista, prepotente e acima de qualquer julgamento humano ou divino. Infelizmente não apenas aprovamos leis, nós queremos ser nossa própria lei e a única satisfação a quem desejamos dar é somente a nós mesmos. Nada acima de nós, todos abaixo de nós. Que terrível mundo, cheio de “Pardais”!
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