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segunda-feira, 16 de abril de 2012

Cultivo de alho é tradição entre produtores de Aratuba



Contudo, eles reclamam da falta de incentivos para que a cidade volte a ser a maior produtora de alho do Nordeste.

Aratuba 
Depois de percorrer sete quilômetros da sede de Aratuba até o Sítio Barreiros, pode-se encontrar o produtor Otávio Ferreira da Silva, 75 anos, considerado o maior produtor de alho do Maciço do Baturité. Homem simples, alegre e cheio de vida, Otávio disse que começou a plantar alho aos 10 anos de idade. "Sempre trabalhei com o alho branco, que muitos chamam de mineiro. A aceitação no comércio é muito boa", afirma.
Segundo ele, uma trança com 50 cabeças é vendida nas cidades de Aratuba, Baturité, Mulungu, Guaramiranga, Aracoiaba e Fortaleza por R$ 20,00. Já a trança com 100 cabeças de alho custa R$ 40,00.
"A grande vantagem desse alho em relação ao Argentino, que invadiu o Ceará, é que tempera melhor", lembra o produtor, considerado pelos colegas como o "Rei do alho".
Otávio explica que o período ideal para o plantio da cultura é maio, e a colheita acontece em agosto. "Para uma boa produção, é preciso um bom adubo de gado, e, quando começa o crescimento, esterco de galinha e ureia", ensina o maior produtor de alho do Maciço.

Adaptação

A ciência é plantar após o período das chuvas, porque o alho não se adapta bem a grandes quantidades de água. Segundo ele, um hectare de alho plantado tem uma produção de sete mil quilos. "Se o Governo do Estado, por meio do Instituto Agropolos, Secretaria de Desenvolvimento Agrário e Ematerce, garantissem incentivos e assistência técnica, com certeza a cidade de Aratuba voltaria a ser a maior produtora de alho do Nordeste, porque as pessoas ainda compram o alho da Argentina pelo tamanho, e não pelo sabor. O Programa Nacional da Agricultura Familiar seria a grande saída para esse pontapé", salienta.
No Sítio Barreiros, outros produtores ainda apostam na cultura do alho, mas, muita gente deixou para trás a tradição de plantar. O diretor da Secretaria de Agricultura e Recursos Hídricos de Aratuba, Francisco Cardoso de Sousa, disse que existem projetos voltados para a permanência do homem no campo. Quanto ao alho, a Prefeitura informa que não tem recursos para investir sozinha.

Cebola vermelha
Além do alho, Otávio Ferreira da Silva produz ainda uma outra variedade de grande aceitação na mesa da dona de casa: a cebola vermelha. O plantio ocorre no mesmo período da cultura do alho, justamente por também não se adaptar com muita água.
Ele diz que um hectare de cebola tem uma produção de 10 mil quilos, porque, segundo explica, ela cresce mais que o alho. A saca de 20 quilos custa R$ 20,00 na entra safra R$ 30,00.
"Ela tem uma saída muito boa. Eu planto esse cultivo há cinco anos". Para dar conta de tudo isso, Otávio não trabalha sozinho. Conta com o apoio dos filhos. "Se existisse mais incentivo para os produtores de alho, a cidade de Aratuba voltaria a ser destaque no Nordeste", acredita o produtor.

Mercado

No que diz respeito à cebola, o mercado consumidor ainda é mais extenso, contemplando os Municípios de Canindé, Caridade, Paramoti, Aratuba, Mulungu, Baturité, Capistrano de Abreu, Aracoiaba, Fortaleza e Municípios do litoral.
"As terras são boas de produção, o clima é favorável e, ainda por cima, temos as melhores sementes de alho do Ceará. O que nós falta mesmo é o apoio financeiro dos bancos e assistência técnica do Governo do Estado", considera Otávio.
O presidente do Instituto Agropolos do Ceará, Celso Crisóstomo, afirma que não sabe dessa realidade. Por outro lado, garante que irá visitar o lugar para conhecer de perto as áreas de plantio para, em seguida, começar a pensar numa saída para a volta da produção de alho na cidade de Aratuba.

Mais informações
Prefeitura Municipal de Aratuba
Rua Júlio Pereira
Aratuba/CE
Telefone: (85) 3329-1132
Foto: Antônio Carlos Alves / Com Informação: Diário do Nordeste