HOMENAGEM
DO RAIO X AO DIA DAS MULHERES
Estive lendo recentemente o livro dos Provérbios de Salomão. Como
aprecio o conhecimento e a sabedoria, mesmo sabendo que atualmente enfatiza-se
mais o sentir que o pensar, Salomão permanece como um dos meus escritores
bíblicos prediletos. E a lógica é bastante simples: como nem tudo que o ser
humano pensa faz, mas tudo que faz pensa, o desenvolvimento e maturidade do
pensamento é fundamental na vida. Porém não é isso que quero discutir. Deixo
com os filósofos a razão do raciocínio. Na verdade o que me chamou a atenção
nos provérbios salomônicos foi uma pergunta-resposta sobre algo que Salomão
teve muita familiaridade: A MULHER. O texto a que me refiro diz: “Mulher virtuosa quem a achará? O seu valor
excede ao de rubins.”(Pv. 31.10). Ah, antes que os teólogos me corrijam, as
palavras não foram pronunciadas diretamente por Salomão, mas da mãe de Lemuel. Porém
ninguém mais do que Salomão enquadra-se no contexto da citação. Afinal de
contas, o 3º rei de Israel, possuía 700 mulheres princesas, além de 300
concubinas. Durante toda a sua vida o sábio rei teve contato com diversas
mulheres e tanto que seu coração perverteu-se. “Mulher virtuosa quem a achará”?
Salomão procurou muito e sua busca foi tão frustrante que em outro livro seu
ele resumiu a vida numa conhecida frase: “vaidade de vaidade, tudo é vaidade.”
Por outro lado se Salomão não encontrou não significa que o tal “rubi”
não exista. No texto o valor da mulher é comparada a uma pérola preciosa demais.
Na cultura antiga o rubi era tão valoroso que só perdia para o diamante. Essa
palavra é tão cara na língua hebraica que muitas traduções dizem: “pérolas
preciosas” no lugar de rubi porque o real sentido textual é a valorização em
alto grau.
Mas afinal de contas, quanto vale mesmo uma mulher? Para o rei Acabe que
encontrou uma Jezabel vale a perseguição, o sangue e a morte dos profetas; para
Herodes que encontrou uma Herodias, mulher de seu irmão, vale a cabeça de João
Batista, numa bandeja; e para o imperador Cláudio que encontrou uma Agripina,
mãe de Nero, vale o veneno de sua própria morte. Mas essas mulheres sem valor
não podem ofuscar o valor do rubi. E quem o encontrará? José encontrou Maria e
com ela a fidelidade de uma noiva grávida em meio ao sobrenatural que desafia a
lógica humana; Santo Agostinho, encontrou uma “mulher” anônima e valeu a
pronúncia de seu “nome” no leito da morte; e Martinho Lutero encontrou Catarina
Von Bora e valeu a realização da vida quando disse: Sou rico... não importo das
dívidas: Catarina paga tudo.”
A estigmatização da mulher ao longo dos tempos foi realizada por homens
não realizados consigo mesmos e não se realizaram porque a realização da vida
requer uma comunhão com o seu oposto-igual – A MULHER.
Portanto, a busca de uma mulher com o valor de rubi é de igual modo a
busca de um homem de mesmo valor.
Obs. O texto foi escrito
pelo autor há mais de 10 anos e agora adaptado.