O PRESIDENTE DO LEGISLATIVO PRESTOU HOMENAGEM AOS
ÍNDIOS DE ARATUBA USANDO DA PALAVRA PARA RELEMBRAR UM POUCO DA IMPORTANTE
HISTORIA DESSE POVO.
Senhoras
e senhores, servidores desta casa, nobres vereadores. No transcurso da nossa
caminhada política, mesmo enfrentado vários obstáculos, não podemos deixar de
esquecer aqueles que fazem ativamente parte da nossa história. Neste dia 19 de Abril, quero me reportar aos ÍNDIOS KANINDÉ DE ARATUBA. Recordemos então um pouca da história desse povo tão querido.
Localizados
nos municípios de Canindé (sertão central) e Aratuba (serra de Baturité), os
Kanindé tem a história marcada por um longo processo de migrações forçadas, e
vem mantendo, apesar desta dispersão, laços de parentesco e sociabilidade que
unem as comunidades do Sítio Fernandes e da serra da Gameleira, que compõem a
etnia. A origem histórica da etnia Kanindé remete ao chefe Kanindé, principal
da tribo dos Janduís, que liderou a resistência de seu povo no século XVII,
obrigando o então rei de Portugal a assinar com ele tratado de paz, firmado em
1692, mas descumprido por parte dos portugueses. Como ocorria com muitos
agrupamentos nativos, seus descendentes passaram a ser conhecidos como Kanindé,
alusão ao chefe e à ancestralidade. Segundo tradição oral, vieram da região do
atual município de Mombaça, passando por Quixadá, pelas margens do Rio Curu,
entre os rios Quixeramobim e Banabuiú, junto aos seus parentes Jenipapo, antes
de alcançar os seus locais de morada atuais. Chegaram ao Sítio Fernandes vindos
da serra da Gameleira, também conhecida como serra do Pindar, em Canindé, por
conta de secas, como a de 1877, e invasões de suas terras por posseiros
criadores de gado. Traço cultural herdado dos ancestrais, a cultura da caça se
materializa na existência de diversas armadilhas, como o quixó de geringonça,
utilizado no apresamento de animais como mocó, tejo, cassaco, peba, nambu,
seriema e juriti, sempre respeitando os períodos de gestação dos bichos. A
relação de sustentabilidade que mantêm com a natureza é ensinada às novas
gerações, e busca garantir a permanência da caça para as próximas gerações.
A
chamada Terra da Gia, foi durante muito tempo utilizada pelos Kanindé para
fazerem suas plantações e caçarem, se constituindo como significativo lugar de
memória para o grupo. Em 1995, após grande luta junto aos trabalhadores rurais
locais, este terreno foi desapropriado pelo INCRA. Após querelas na divisão da
terra, os Kanindé do sítio Fernandes ficaram com 270 hectares e continuam
plantando no sistema de roçados. Em 1996, por iniciativa de José Maria Pereira
dos Santos, mais conhecido por Cacique Sotero, foi aberto à visitação pública o
Museu dos Kanindé, que traz em seu acervo artesanato, cujo trabalho em madeira
merece destaque, instrumentos de caça e dança, entre outros. Mantido no sigilo
até o ano citado, foi com o acirramento da luta por seus direitos.
A
história de Aratuba não pode ser contada, se não falarmos dos Kanindé de
Aratuba e sua contribuição para a nossa cultura. Portanto em nome do Parlamento
de Aratuba e em meu nome desejo a todos um FELIZ
DIA DO ÍNDIO.