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Leopoldo em sua casa |
“Eu sempre digo: tenho
vergonha de mim, meu avô lia até às 11 horas da noite. Todo dia ele lia até às
11 horas da noite. Quando não tinha energia, era lamparina... Ele tinha uma
biblioteca, muita gente mandava livros pra ele. Tinha uma coleção de almanaques.”(José Erildo Pereira Martins, 76 anos, neto de
Leopoldo Pereira Martins).
“Ele lia tudo que via,
jornais, livros antigos, tudo ele lia e ele tinha um caderno que quando ele
terminava de ler ele anotava.”
(Raimunda Martins de Araújo, 57 anos “neta”, sua mãe foi criada por Leopoldo
Pereira Martins).
“Mamãe me levava para casa
da Mafisa, da Bia, e sempre que eu entrava lá eu observava que sempre tinha
muita gente na casa, além do pessoal da família, tinha o pessoal da comunidade...
Ele, Leopoldo sempre acompanhado de um livro perto dele uma estante com vários
livros guardados, tipo um armário de madeira grande... Não era uma casa
suntuosa, mas era uma casa grande. E o que chamava mais atenção dentro da casa
para mim era a extensão da leitura que ele tinha dentro da casa, a quantidade
de livros dentro da casa.” (Francisco Araújo Martins,
professor Chiquinho, 39 anos, quando garoto era levado por sua mãe e via e
ouvia as leituras de seu Leopoldo).
O
Brasil ainda é vergonhosamente um país de não leitores. Uma pesquisa de 2006
mostra o Brasil em 27º lugar num ranking de 30 países, que gastam 5,2 horas por
semana com um livro. Os argentinos vizinhos nossos deixaram-nos pra trás com a
18ª posição. E de lá pra cá pouco mudou nessa triste realidade leitora
brasileira. Alguém que ler um livro por ano no Brasil é considerado um herói.
Mais de 77 milhões de brasileiros escolarizados afirmam não terem o hábito da
leitura. Nossas bibliotecas públicas e até as escolares ainda são pouco
visitadas. Talvez você não saiba, mas num passado distante, quando o Brasil
ainda era império, antes mesmo da assinatura da Lei Áurea pela Princesa Isabel,
nasceu em Coité(antigo nome de Aratuba) um homem que durante sua vida dedicou-se
entre outras coisas a leitura de livros, jornais e revistas.
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Leopoldo |
Seu nome era
Leopoldo Pereira Martins, mais conhecido como Seu Leopoldo. Filho único de Luiz
Pereira Martins, conhecido como Luis Botija, e sua mãe uma senhora chamada simplesmente
de Maria. Seu pai um homem culto e grande comerciante do Maciço de Baturité que
falava francês e se relacionava com importantes comerciantes franceses. Seus
produtos como tecido, bacalhau e ferramentas agrícolas eram todos importados da
França. Os produtos solicitados por catálogos, eram entregues pelos navios na
Ponte Metálica que foi Porto de Fortaleza até a década de 1950. Depois eram
transportados de trem até Capistrano e subia nos lombos de burros até Coité. O
comércio do pai de Leopoldo funcionava onde funcionou por muitos anos a
mercearia do Sr. Antônio do Clóvis, onde hoje é a Aratuba Farma. E apesar de
ser filho de um comerciante rico, Leopoldo vivia de seu trabalho da
carpintaria. Parece que a discordância de seu pai quando Leopoldo decidiu se
casar com uma viúva com quatro filhos, chamada Melquiata, aliado ao desaparecimento
misterioso da barrica(botija) de seu pai, o deixou sem muitas condições financeiras
para sobreviver. Com os jagunços e arrastões existentes no Ceará e Maciço de
Baturité, comerciantes guardavam na época suas moedas de ouro em barricas de
madeira e foi assim que querendo proteger seu dinheiro, Luiz Pereira Martins
perdeu tudo que tinha e a partir desse episódio surgiu seu apelido de Luiz
Botija.
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Centenário de Leopoldo |
Em Aratuba Leopoldo é mais conhecido por ser um grande carpinteiro e
marceneiro. De suas mãos ainda temos as janelas de uma casa pertencente à
família Lima localizada na Rua Júlio Pereira; os confessionários da Igreja
Matriz e alguns móveis na casa da tradicional Família Pereira. O professor Francisco
Barbosa guardou por algum tempo um martelo de madeira arrematado num leilão por
seu pai feito por Seu Leopoldo para a festa de São José. Leopoldo também era um músico. Gostava
tanto de tocar como ouvir música. Em sua casa acontecia um forró familiar.
Tocava nos reisados e tocava nos sinos da igreja durante os nascimento e
falecimento das pessoas com um som alegre e outro triste respectivamente. Fez
parte da Lira Coiteense, uma banda de música da antiga Coité e para isso
estudava partituras musicais. Segundo seu Neto José Erildo(Seu Erildo),
Leopoldo tocava sanfona e contra-baixo. E seu outro neto José Ilo(Zé Ilo) se
dirigia até a casa de seu avó Leopoldo após o almoço para colocar seu toca fita para o mesmo ouvir
músicas. Diz-se que o Hino do Congresso chamado erroneamente de hino de Aratuba
era uma dobradinha transformada e adaptada por Seu Leopoldo onde a expressão
“Aratuba a cantar se levanta”, era para destacar o novo nome do município, após
Coité e Santos Dumont. Como o congresso aconteceu em 1945, e a designação de
Aratuba em substituição a Santos Dumont se deu em 1º de janeiro de 1944, tal
versão histórica faz sentido. Porém os documentos oficiais da igreja
simplesmente afirmam que a música é do Dr. Alfredo de Oliveira e letra do
clérigo M. Edmilson.