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quarta-feira, 13 de maio de 2015

EDUCAÇÃO INDÍGENA : Equilíbrio entre conteúdo formal e elementos culturais

Entre as lições de matemática, língua portuguesa e história, os saberes das culturas indígenas são compartilhados nas salas de aula e pátios das 40 escolas indígenas do Ceará. Em 2015, foram mais de 6.200 matrículas nestas escolas distribuídas em 16 municípios.

E, nas experiências cotidianas, os docentes atuam no equilíbrio entre os conteúdos convencionais e as demandas de cada comunidade para a reafirmação e valorização das identidades, memórias, rituais e conhecimentos acumulados ao longo das gerações.

Iolanda Ambrósio, diretora da escola indígena Tapeba do Trilho, em Caucaia, lembra que muitas foram as gerações que estudaram em escolas convencionais e isso marcou a experiência de se identificar como indígena. “A nossa escola surgiu por causa da discriminação que as crianças sofriam em outras escolas. Foi resultado da luta do povo”, ressaltou.

O entendimento de que a atuação em sala de aula era essencial para a valorização dos aspectos culturais de cada grupo indígena foi sedimentado ao longo dos anos por meio das mobilizações das comunidades. A busca foi por uma educação com raízes aéreas, que conseguisse flutuar entre o ensino “tradicional” e as necessidades das comunidades indígenas. E a qualificação dos professores é ponto que ganha atenção e ações continuadas, com cursos de magistério e licenciatura no ensino superior com o diálogo com o processo de ensinar envolvendo aspectos culturais.

Elenilson Gomes, diretor da escola indígena Manoel Francisco dos Santos, em Aratuba, explica que os conteúdos são negociados com a equipe pedagógica de cada unidade para contemplar as distinções culturais.

Para ele, o fato de todos os professores serem oriundos de comunidades indígenas - muitos deles com especializações em diversas áreas e formação em educação indígena - qualifica o ensino aos 172 alunos da educação infantil ao ensino médio.

Muitos dos alunos saíram das comunidades para estudar nos campi universitários em cursos variados, marcando presença no ainda limitado ensino superior. Vitórias pessoais e coletivas da educação indígena e da possibilidade de levar a identidade e a cultura das comunidades para os espaços das universidades. (Samaisa dos Anjos)

Fonte: JORNAL  O POVO