E, nas experiências
cotidianas, os docentes atuam no equilíbrio entre os conteúdos convencionais e
as demandas de cada comunidade para a reafirmação e valorização das
identidades, memórias, rituais e conhecimentos acumulados ao longo das
gerações.
Iolanda Ambrósio, diretora
da escola indígena Tapeba do Trilho, em Caucaia, lembra que muitas foram as gerações
que estudaram em escolas convencionais e isso marcou a experiência de se
identificar como indígena. “A nossa escola surgiu por causa da discriminação
que as crianças sofriam em outras escolas. Foi resultado da luta do povo”,
ressaltou.
O entendimento de que a atuação em sala de aula era essencial para a
valorização dos aspectos culturais de cada grupo indígena foi sedimentado ao
longo dos anos por meio das mobilizações das comunidades. A busca foi por uma
educação com raízes aéreas, que conseguisse flutuar entre o ensino
“tradicional” e as necessidades das comunidades indígenas. E a qualificação dos
professores é ponto que ganha atenção e ações continuadas, com cursos de
magistério e licenciatura no ensino superior com o diálogo com o processo de ensinar
envolvendo aspectos culturais.
Elenilson Gomes, diretor da escola indígena Manoel Francisco dos Santos, em Aratuba, explica que os conteúdos são
negociados com a equipe pedagógica de cada unidade para contemplar as
distinções culturais.
Para ele, o fato de todos os
professores serem oriundos de comunidades indígenas - muitos deles com
especializações em diversas áreas e formação em educação indígena - qualifica o
ensino aos 172 alunos da educação infantil ao ensino médio.
Muitos dos alunos saíram das
comunidades para estudar nos campi universitários em cursos variados, marcando
presença no ainda limitado ensino superior. Vitórias pessoais e coletivas da
educação indígena e da possibilidade de levar a identidade e a cultura das
comunidades para os espaços das universidades. (Samaisa dos Anjos)
Fonte: JORNAL O POVO