A HISTÓRIA DE UMA MÚSICA RELIGIOSA EUCARÍSTICA QUE QUASE VIROU HINO MUNICIPAL.
No dia 26 de março de 2012 na abertura da Semana do Município um grupo
de alunos da Escola Professora Maria Júlia cantaram o Hino do Congresso
Eucarístico e pela primeira vez na história local explicou-se aos presentes que
tratava-se de um hino da paróquia e não do município como sempre conveniou-se
chamar nos momentos cívicos municipais. Um exemplo disso aconteceu na
inauguração do CEI – Centro de Educação Infantil de Marés em 10 de fevereiro de
2012 quando o referido hino foi cantado como Hino do Município, inclusive ao
lado dos hinos do Ceará e do Brasil. Tal designação de Hino Municipal é aceita pela
própria igreja, pois o título dado a música é HINO DE ARATUBA, como aparece na
p. 159 do Livro de Cânticos da Paróquia São Francisco de Paula lançado em 2005
no paroquiado de José Eudásio do Nascimento Cruz. É estranho à igreja
intitulá-lo como hino municipal, já que no próprio Álbum do Congresso seus
títulos são: “Nossa terra é custódia de luz” e “Aratuba a cantar se levanta”,
como um marco musical do 1º Congresso Eucarístico da Igreja Católica em Aratuba. Porém estranheza maior é o poder
público municipal cantar uma música religiosa como se fosse o hino do município
sabendo-se que o mesmo já fora reprovado como tal pelo poder legislativo local.

Mas essa prática não é recente e precisamos conhecer sua história para
entendermos como tudo começou e porque um prefeito tentou oficializá-lo no
mesmo ano que a Igreja Católica o colocou no seu livro de Cântico com o título
de Hino do Município.
Mas antes de conhecermos o Hino do Congresso precisamos entender
primeiro a festa religiosa que ensejou sua origem. O 1º Congresso Eucarístico
de Aratuba aconteceu no período de 29 de dezembro de 1945 a 1º de janeiro de
1946, numa idéia lançada pelo pároco Francisco Evaristo de Melo que trabalhou
incansavelmente para a concretização do mesmo. Sua realização foi considerada
um verdadeiro milagre pelos fiéis católicos pela importância e o tamanho do
evento religioso. Como diz o documento do próprio congresso era um plano
arrojado e as despesas eram muito elevadas, calculadas no final da festa num
valor de Cr$ 30.000,00(Trinta Mil Cruzeiros). Levando-se em consideração as
condições sociais da paróquia e o contexto socioeconômico da localidade era
realmente uma quantia financeira exorbitante.
Várias comissões foram formadas para o bom andamento do congresso:
Comissão central que cuidava das questões materiais e morais; Comissão de
recepção e hospedagem que resolvia os problemas de organização do congresso;
Comissão de propaganda e de arrecadação do tesouro espiritual que incluía as 75
catequistas da paróquia que cuidavam do bom desenvolvimento do congresso; e a Comissão
de ornamentação e organização em geral que cuidava de muitas atividades
ajudando o vigário. As fotos da época mostram muita gente participando do congresso
e o Álbum informa que o escudo que era uma espécie de distintivo usado pelos
católicos foram distribuídos todos num total de mais de mil.
No recinto da
Praça do Congresso havia lugares para 1.200 pessoas sentadas que deveriam
apresentar seu ingresso. O ingresso era concedido gratuitamente para quem desse
uma esmola superior a cinco cruzeiros ou quem comprasse o escudo do congresso.
Durante os dias da festa missas foram dedicadas à juventude, as crianças e as
famílias em geral. Foram muitas as orações, cânticos, devoção, confissões e
homilias pelos párocos e pelo Arcebispo Metropolitano D. Antônio de Almeida
Lustosa. Numas das homilias o Revmo. Antônio Pequito instruiu as crianças para
suas almas se conservarem puras e longe das falsas ideologias. Entre essas
falsas doutrinas o padre citou o
comunismo, a maçonaria e o mundanismo pecaminoso.