A História da
Campanha Nacional de Escolas da Comunidade(CNEC) no Município de Aratuba – Desafios
e Conquistas Educacionais desde sua Origem até seu Fechamento.
A CNEC não criou os desfiles estudantis no município de Aratuba, mas o
elevou a um patamar cívico popular. Historicamente o primeiro desfile
estudantil aconteceu no tempo da Escola Pública da Dona Júlia de Barros no 2º
paroquiado de Pe. Gerardo Plácido Broders de agosto de 1928 a abril de 1930. Porém
para muitas pessoas os desfiles de Aratuba terminaram quando a CNEC deixou de
existir. Os desfiles bonitos e com aquela “rivalidade” CNEC e Escola Joacy onde
ninguém queria ficar na “rabada” e cada um queria mostrar o melhor ajuntava
multidões nas ruas da cidade. Fazia parte do contexto histórico da época à
importância que os livros de história destacavam os atos heroicos e os
personagens da história brasileira: D Pedro I e o grito do Ipiranga, a Princesa
Isabel e a libertação dos escravos; alunos pintados de alcatrão chupando cana,
representando a escravidão; Tiradentes e tantos outros pelotões. A pedagogia da
CNEC era libertadora e paradoxalmente tradicional, ensinava o respeito, a
cidadania e a moral mas como toda escolar tinha seus momentos difíceis
motivados por comportamentos inadequados de alunos. Certa vez José Oscar sofreu
para acalmar alunos que arrancavam flores do jardim e quebraram o filtro por
causa das baixas notas de recuperação. Ao longo do tempo a CNEC foi acusada de
ser politicamente esquerdista e não podia ser diferente, afinal seu padre fundador
foi o introdutor das CEBs no município e seu sucessor na paróquia expandiu-as
além de Aratuba. Refiro-me aos párocos José Maria e Moacir Cordeiro Leite.
Ambos tiveram relação direta com a história cenecista aratubense, sendo que o
último teve grande influência e divergência com a política partidária local.
Mas não é possível negar que a CNEC tinha sua bandeira política até porque era
visível e assim conflitou com outros interesses partidários existentes no município.
Dentro da sala de aula no Monsenhor José Barbosa se ensinava Português,
Matemática, Ciências, História, Geografia, por certo tempo, OSPB e Educação Moral
e Cívica, Religião e depois a introdução do Inglês no 1º Grau e muitas vezes se
recebia livros didáticos. A dificuldade maior era no 2º Grau(Ensino Médio) com
ausência de livros e dependência total do professor copiando o conteúdo no
quatro para o aluno dificultando o aprofundamento do assunto. No 2º Grau Científico
as disciplinas eram Português, Matemática, História, Geografia, Física, Química,
Programa de Saúde, Biologia, Inglês, Literatura e Arte.
Alguns professores eram
leigos, pois não tinham nível superior e outros que eram formados não possuíam
formação específica e pedagógica para atuar em sala de aula. Desafios que a
CNEC ia vencendo do jeito que podia. Sem contar que a “rivalidade” CNEC e Joacy
não ficava apenas no âmbito dos desfiles estudantis, infelizmente se estendia
ao conhecimento acadêmico. Os alunos do Joacy faziam um exame de admissão para
entrarem no ginasial e na CNEC tal exame não existia e disso se concluía que o
ensino da CNEC era inferior ao da Escola Estadual. E com todas as dificuldades
da CNEC os alunos se envolviam nos trabalhos, gincanas, desfiles, folclore,
formação de grêmios e nas festas de colação de grau e religiosas. Numa época
sem transporte, docentes leigos, sem material didático suficiente, sem FUNDEB,
mas com muita garra, principalmente dos professores, muitos que passavam o dia
trabalhando e à noite corriam ao Monsenhor José Barbosa para ensinar com um salário
atrasado e sem dia certo para receber, mas eles estavam lá para dar o melhor de
si.
Em Aratuba o “corpo” da CNEC deixou de existir mas a “alma” cenecista está muito presente. Como disse um aluno e professor da CNEC e hoje Diretor de Escola Nucleada, Jerly dos Santos: “Quem foi aluno da CNEC, hoje é autônomo e seguro de si, penso que está é uma característica de um cenecista.” A força cenecista foi vista nos últimos anos durante os festejos do aniversário dos 39 anos do município em 1998 quando aconteceram várias competições de jogos, maratonas, ciclismo, salto em altura e distância entre as escolas Monsenhor José Barbosa, Escola Maria Júlia e Escola Joacy Pereira. E no quadro final a CNEC desbancou as Escolas Joacy Pereira e Maria Júlia com 3 troféus e 23 medalhas, entregues na própria quadra da CNEC.
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