Chico Pitoco nasceu sem as pernas e uma parte dos
braços. Optou pela independência, mesmo com limitações físicas.
Se
você pensa que não ter pernas e uma parte dos braços pode impedir alguém de
executar vários tipos de atividades, criar filhos, e viver uma vida normal;
está muito enganado. Convido você leitor a acompanhar um pouco a história desse
homem que é uma verdadeira lição de vida, tanto para aqueles que têm algum tipo
de deficiência como para aqueles que não tem, mas são dependentes dos outros e
da “própria sorte”.
No de município de Aratuba, no Maciço de Baturité, existe
o senhor Francisco de Paula Santana da Silva, um cinquentão. Ele é pedreiro,
carpinteiro, pintor, borracheiro, mecânico e dono de casa. Até aí tudo bem,
existem muitas pessoas que fazem esses tipos de trabalhos. Acontece que ele
nasceu sem as pernas e uma parte dos braços. Chico Pitoco, como é conhecido, é
o filho mais velho de uma família de oito irmãos. Mesmo com as limitações
físicas que a vida lhe impôs, ele “optou pela independência” e leva uma vida
bastante normal. Trabalha diariamente, e quando não está consertando os
aparelhos, está no barzinho que funciona mesmo em sua residência. Pitoco tem
muitos amigos, já foi casado duas vezes, tem filhos e é uma pessoa bastante
querida na cidade.
“Desde menino eu levo uma vida normal, me divirto, faço
o que gosto e a única diferença que tenho é a parte do corpo que me falta”,
diz. Atualmente mora sozinho em uma casa e não depende praticamente de ninguém
para fazer suas atividades diárias. Faz sua própria comida e quando coloca
trabalhadores, também cozinha para eles, “sei fazer as tarefas de casa, coloco
comida para os animais e graças a Deus sempre dou um jeito de fazer tudo que
quero”. Ele é casado, separado e pais de dois filhos, e já é até avô.
Sem obstáculos
Quando
o repórter Xisto Lima chegou a sua residência, encontrou Chico Pitoco em cima
da casa consertando o telhado. Outro fato que chamou atenção é a forma como se
desloca dentro e nos arredores de casa, em cima de um banco de madeira. Para ir
ao centro da cidade ou ao sítio, geralmente vai na garupa de uma moto. Chico
Pitoco cursou até a 8ª série do ensino fundamental e garante que suas notas
eram sempre boas, mas seu fascínio mesmo é consertar aparelhos.
Atualmente, ele não toma mais bebida alcoólica, mas há
alguns anos quando ia para as serestas, Chico gostava de “esquentar o frio” com
um pouco de bebida. Esse homem ensina que, mesmo com essas limitações físicas,
é possível viver feliz e tornar-se um profissional conceituado. Portanto, ser
diferente não é sinônimo de obstáculo para ninguém. (Xisto Lima)
Fonte: O ESTADO / Foto: Jérica Ferreira
Fonte: O ESTADO / Foto: Jérica Ferreira